quinta-feira, 17 de junho de 2010

FORMAS DE REPRESENTAÇÃO DO PENSAMENTO

FORMAS DE REPRESENTAÇÃO DO PENSAMENTO
( DESENHO, JOGO SIMBÓLICO,LINGUAGEM ORAL)


O pensamento da criança é representativo, segundo J. Piaget - a imitação, o jogo sim¬bólico e a representação cognitiva, as três evoluem em função do equilíbrio progressivo da assimilação e da acomodação.
A representação pode ultrapassar o real imedia¬to, fazendo crescer as dimensões no espaço e no tempo. A representação é a reunião do significante (o que permite a expansão do pensamento) com o signifi¬cado (o que é real).
De acordo com as afirmações citadas, podemos concluir que não se deve dar desenhos feitos para a criança colorir. Não se deve desrespeitar a persona¬lidade da criança e bloquear, assim, seu significante. A criança deve expressar, com liberdade, suas emo¬ções, e o desenho é um veículo para isto.
A representação no desenho aparece, apesar de esquisita para os adultos, não pela forma estrutural que conhecemos, de algum objeto, como uma árvo¬re por exemplo. Aparece de acordo com o pensa-mento da criança, retirando do objeto que quer re¬presentar no desenho, a forma funcional, psicológi¬ca e emocional que aquele objeto representa para ela. Esta é sua opinião emocional sobre o tal objeto.
O desenho da criança representa sua evolução mental. No início, aos 2 ou 3 anos, ela rabisca de for¬ma longilínea, depois, os rabiscos tomam forma circu¬lar. Esta é a fase GARATUJA do desenho. Observe:





Depois, aos 3/4 anos, já começa a apresentar algumas formas desconectadas, ao ver do adulto - o sol no chão, o cachorro no ar, etc. Esta é a fase de PRÉ-ESQUEMA. Observe:






Já por volta dos 5/6 anos, o desenho passa a ser representado de modo mais compreensível para o adulto, com objetos melhor formados e espaçados -é a fase do ESQUEMA. Observe:



As idades citadas nas fases do desenho são as mais comuns, mas, também encontraremos crianças que podem não ser compatíveis com relação à idade/ desenho, pois este acontecimento não é obrigatório. O que percebemos, claramente, será a evolução das fases do desenho, juntamente com a evolução das fases da escrita, que veremos ao decorrer do curso.
O jogo-simbólico é outra representação da rea¬lidade da criança onde, em brincadeiras, imitará a vida adulta. Vejamos os exemplos: brincadeira de casinha, onde existe a mãe, o pai, o filho, a tia, etc; fazer comidinha e colocar o açúcar, o bolo no forno, a simbologia de cortá-lo e comê-lo, etc. Encontra-" mós o jogo-simbólico na maioria das brincadeiras das crianças.


"Sendo a representação o interesse maior da criança dos 2 aos 6 anos, é para esta atividade que ela traz seus interesses específicos, isto é, ela re¬presenta tudo e tenta compreender melhor.
A representação dá-se, especialmente, no jogo, que é essencialmente o instrumento da criança para assimilar o mundo, para expressar-se cognitiva e afetivamente, e trabalhar as dificuldades.
O enriquecimento e socialização dos símbolos individuais tornam o jogo o instrumento mais eficien¬te de assimilação da realidade.
A emergência de interesses no jogo possibilita a ampliação de experiências (ação pedagógica), que consiste em um confronto planejado com a realida¬de (meio).
Os resultados desta "técnica " de trabalhar são imediatos; o jogo passa a assimilar essa nova rea¬lidade, mais complexa, e a trabalhar novos papéis, funções e conceitos que são, através do jogo, ela¬borados.
A história é, também, um instrumento de enri¬quecimento do jogo na educação infantil. O jogo é x ferramenta de análises, ação e avaliação, ao mes¬mo tempo."
Telma Weiss (1976)
"O jogo é, em si, a assimilação. A criança pen¬sa na ação, agindo, construindo seus símbolos. Para o professor alimentar o jogo, ele deve:
- ler necessidade;
- perguntar-se qual conflito (afetivo ou cog¬nitivo) está por trás do símbolo.
Quando o adulto toma o jogo para si, a crian¬ça pára de pensar. O trabalho com símbolos é de intervenção, no sentido de dar dados de realidade. - desenho /jogo / imitação.
No jogo, especificamente, o papel do professor é de interlocutor, narrador. Narrar, o tempo todo, o que tende a aparecer, organizar propostas de tra¬balho para o grupo, a fim de enriquecer os jogos simbólicos através de histórias reais ou contos-de-fada, pesquisas, passeios, objetos, etc.
O jogo alimentado é realidade assimilada -acomodação - "muda o jogo ". O jogo ou o dese¬nho, sem alimento, permanece igual, eternamente...
Diante de um jogo ou desenho, o professor deve sempre se perguntar: "Com isso, o que esta crian¬ça está querendo conhecer?", para poder alimen¬tar com atividades que correspondam, o mais dire-tamente possível, a necessidade da criança ".
Madalena Freire (1984)
Piaget diverge dos autores que consideram a linguagem um fator essencial na constituição da representação ou do pensamento. Estudando a nature¬za da inteligência sensório-motora, antes da aquisição

da linguagem, constatou a existência de uma lógica de coordenação das ações.
Não é a linguagem que explica a interiorização das ações e o aparecimento do pensamento. A ori¬gem das operações lógicas encontra-se nas coorde¬nações gerais da ação, que controlam todas as ativi-dades, inclusive, a própria linguagem.
Na construção das estruturas lógicas elementa¬res (classes, relações), a linguagem intervém a títu¬lo de condição necessária para a aquisição de tais estruturas, mas não a título de condição suficiente. Neste sentido, o comportamento verbal não explica a aquisição das operações lógicas.
Piaget explica que a formação do pensamento, em termos de representação conceituai, caminha paralelamente com a aquisição da linguagem. To¬davia, a representação conceituai não pode ser con¬siderada como resultado causal da linguagem, pois ambos os processos estão vinculados a um processo mais geral.
A linguagem surge, simultaneamente, com a imitação diferida, a imagem mental (que é uma imi¬tação interiorizada e não uma mera extensão da per¬cepção), o jogo simbólico e o desenho, que consti¬tuem as manifestações da função semiótica. Desta forma, a linguagem, por mais importante que possa ser seu papel, é um dos instrumentos de representa¬ção, e não pode deixar de ser considerada no con¬texto geral da função semiótica. É a interiorização da imitação que torna possível a diferenciação entre significantes e significados, que caracteriza a fun¬ção semiótica.
A utilização correia da linguagem, pela crian¬ça, depende do desenvolvimento de sua inteligên¬cia, segundo Piaget. As oportunidades para a esti¬mulação intelectual requerem a observação, a ex¬ploração, a experimentação e a manipulação de ma¬teriais concretos, que correspondem às necessida¬des e aos interesses das crianças.
O professor, ao invés de transmitir conhecimen¬to, sob a forma e soluções prontas, deve encorajar a criança a encontrar, por si, as melhores formas de resolver os problemas que desafiam sua curiosida¬de e estimulam sua reflexão.

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